quinta-feira, 13 de março de 2014

O Ramal da Fazenda Santa Teresa


Casa sede da fazenda (revsta Brazil Magazine - 08/1911). (Main house of the farm - Brazil Magazine - 08/1911)

(For English, please see bellow)
A Fazenda Santa Theresa, de propriedade da senhora Francisca Maria do Val, era uma das maiores propriedades cafeeiras do município de Ribeirão Preto, sendo dona Francisca considerada uma das "Rainhas do café", perdendo, por pouco, apenas para a senhora Iria Alvez, dona da Fazenda Pau-Alto. 
A Santa Theresa possuía um total de mil alqueires de terra, com 800.000 pés de café produtivos, que lhe rendiam cerca de cem mil arrobas de produção por safra (algo em torno de um milhão e meio de quilos). Apesar de ser dona da propriedade, Dona Francisca, viúva, não vivia em sua fazendo, tendo endereço em São Paulo, em um palacete na Alameda dos bambus no bairro do sumaré, confiando a administração de sua fazenda ao Sr. Theotonio Monteiro de Barros. Cento e vinte famílias moravam e trabalhavam na fazenda, espalhadas em dez colônias, sendo a soma de trabalhadores da fazenda algo em torno de 1500 pessoas. Era provida de um terreiro de secagem de café de 46.000 m², todo ladrilhado e servido por uma linha Decauville. Sua tulha possuía maquinas de beneficiamento movidas a luz elétrica. 



 Acima e abaixo: Terreiro e tulha da fazenda, com sua ferrovia decauville (Revista Brazil Magazine - 08/1911) (Above and bellow: Yard and the farm granary, with its railroad decauville - Brazil Magazine - 08/1911) 

Para seu escoamento, o café era carregado em carroças puxadas por animais até a estação homônima à propriedade, na linha tronco da Cia Mogiana, em uma viagem que durava meia hora, feita três vezes ao dia.
Com a construção do ramal de Jatahy e Piraju pela Cia Mogiana, parte da via teria que passar pelas terras da fazenda, gerando uma desapropriação de terras. Em contrapartida a isso, foi solicitado por dona Francisca auxilio na construção de um ramal agrícola, em bitola de 60 cm, que ligasse sua tulha até a estação de Santa Theresa da CM. "Por escriptura publica, relativa a passagem do ramal de Jatahy e Piraju, em terras da fazenda da Exma. Sra. D. Francisca Silveira do Val, lavrada em 12 de Outubro de 1910, foi estabelecido que a Companhia auxiliaria com trilhos, um pontilhão e respectiva superestructura metallica de seis metros de vão e outros serviços, a construção de um ramal ferreo que a mesma senhora construisse partindo da estação de Santa Thereza e indo até a porta da machina de beneficiar café da fazenda, com desenvolvimento de 3.487 metros." (relatório Cia Mogiana, número 59 de 1911, páginas 234 e 235). O pontilhão citado era sobre o próprio ribeirão preto, a ferrovia seguia o leito da CM por alguns metros, virava a direita sobre o ribeirão e seguia pela encosta de um de seus afluentes até a fazenda.


Mapa da linha (acervo Arquivo do Estado de SP) (Map of the line - public archive os São Paulo State)

A obra de construção ficou a cargo do empreiteiro Affonso Giongo, estando todo ele pronto em 1º de agosto de 1911, quando foi entregue à circulação, a um custo, para a CM de 10:156$367. Na estação da CM, havia um desvio terminal de 76 metros de extensão. A pequena ferrovia possuía uma locomotiva e alguns vagões para o transporte do café. O possível motivo da construção deste ramal era a praticidade e redução de tempo nas viagens entre a fazenda e a estação. O que era feito em meia hora de viagens em carro de boi, passou a ser percorrido em aproximadamente 10 minutos de viagem, com maior lotação, melhorando o escoamento, sendo possível uma maior produtividade. Não foi possível mapear o fechamento do ramal, porém, é plausível acreditar que fora feito entre os anos 1940 e 1950, sendo a estação de Santa Thereza fechada em 01/05/1964.  (Leandro Guidini, apoio Rafael Corrêa - março de 2014).


A estação de Santa Thereza, do lado dos trilhos da Cia Mogiana. (Santa Thereza station, at Mogiana Railway track side)

The Santa Thereza tramway.
The Santa Theresa farm , owned by Mrs. Francisca Maria Val , was one of the largest coffee farms in Ribeirão Preto (São Paulo estate), Mrs. Francisca being considered one of the " Queens of Coffee " , losing narrowly , only to Mrs.Iria Alvez, owner of Fazenda Pau - Alto.
The Santa Theresa had a total of one thousand acres of land with 800,000 productive coffee trees , which yielded him about a hundred thousand kilos of production per crop (something around a million and a half pounds ) . Despite owning property , Mrs. Francisca, widow , did not live in their making , having address in São Paulo city. Maintaining the administration of his estate to Mr. Theotonio Monteiro de Barros . One hundred and twenty families lived and worked on the farm , spread over ten colonies , the sum of the farm workers somewhere around 1500 people. Was provided with a yard for drying coffee 46,000 m² , tiled throughout and served by Decauville line. His granary owned processing machines powered by electricity .
For runoff , the coffee was born in carts pulled by animals to homonymous station property , on the main line of Cia Mogiana , on a journey that lasted half an hour, taken three times a day .
With the construction of the extension and Jatahy and Piraju of Mogiana railway , part of the route would have to pass through the farm lands , generating a land expropriation . In contrast to this, was told by Ms. Francisca aid in the construction of an agricultural extension in gauge 60 cm , linking its fusty station of Santa Theresa of the Mogiana rr. " For Deed publishes on the passage of the extension and Jatahy Piraju in the farm lands of Hon . Dona Francisca Val Silveira's done at 12 October 1910 , it was established that the company would help with rails , one small bridge and its superstructure metallica six meter span and other services , the construction of an iron extension that the same lady build him leaving the Santa Thereza station and going to the door to benefit the coffee machines, in the farm, with development of 3,487 meters. " ( report Cia Mogiana , Number 59 , 1911, pages 234 and 235 ) . The small bridge was mentioned about the ribeirão preto river, the railroad followed the line of the Mogiana rr. for a few yards , turned right on the creek and followed the slope of one of its tributaries to the farm.
The work of construction was the responsibility of the contractor Affonso Giongo, all of it being done on the 1st of August 1911, when it was delivered to the circulation, at a cost to the Mogiana rr. of 10:156 $ 367. In the season, had a terminal deviation of 76 meters in length. The small railroad had a one locomotive and a few wagons to transport coffee. The possible reason of the construction of this extension was the practicality and reduction in travel time between the farm and the season. What was done in half an hour travel in bullock carts, went to be covered in approximately 10 minutes drive, with greater capacity, improving the flow, with possible higher productivity. Unable to map the extension of the closing, however, it is plausible to believe that was done between the years 1940 and 1950 being the station of Santa Thereza closed on 05/01/1964. (Leandro Guidini wrote, support Rafael Corrêa, in March 2014).