quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

A Usina Esther


O Estado de São Paulo, majoritariamente agrícola, já passou por alguns cilos do açúcar , desde a chegada dos portugueses na época da colonização, até os dias contemporâneos. Normalmente, as grandes usinas de açúcar paulista começaram a se consolidar a partir do declínio da lavoura do café, quando a cana vem substituir esta que era a principal atividade agrícola. No entanto, em meados do século XIX não eram incomuns pequenos e médios engenhos, voltados a produção de aguardente espalhados pelo sertão. Alguns destes engenhos deram origens a grandes usinas. Contaremos a seguir um breve histórico sobre uma delas, e sua pequena ferrovia particular. Conheçam a Usina Esther.
Fora fundada em 2 de junho de 1898 uma empresa em regime de comandita simples de nome "Arthur Nogueira e Cia" pelos investidores Arthur Nogueira, José Paulino Nogueira, Paulo de Almeida Nogueira, Sidrack Nogueira e Carlos Silva Telles, que efetua a compra da Cia Sul Brasileira e Colonizadora (de propriedade do Barão Geraldo de Rezende) de uma área de 6000 alqueires paulistas na região de Campinas, próximo a atual cidade de Cosmópolis. Eram as terras de 4 fazendas, sendo elas, Fazenda do Funil, Fazenda da Grama, Fazenda São Bento e Fazenda Boa Vista. A do Funil era a maior delas e possuía um engenho de aguardente como produção de 62000 litros por ano.
Em 1903 é dado inicio a construção da usina de açúcar, em melhoramento ao tal engenho, melhorias e aumento do canavial por toda a extensão das terras. Em 1905 é dado início ao processo de fabricação, com capacidade para 40000 sacas. Neste período a usina era denominada "Engenho Central". Apenas em 1907 é que forma-se uma sociedade anônima, denominada "Usina Esther", em homenagem a dona Esther Nogueira, esposa de Paulo de Almeida Nogueira, o primeiro presidente da empresa.


Sua rede ferroviária tinha 40 km de extensão em bitola de 60 cm e 5 locomotivas a vapor para tracionar os vagões de cana, que eram belgas da marca “DYLE”. Sua primeira locomotiva fora adquirida pela norte americana Baldwin em 1899. Porém, anos mais tarde, cede seu número à outra maquina, de origem inglesa, que pertencera a Cia Mogiana (CM) do seu ramal de Serra Negra e fora batizada de “Dr. Paulo Nogueira”.
Algumas obras de arte da pequena ferrovia eram impressionantes, como enormes cortes na rocha por entre os canaviais, melhorando os aclives/declives e a ponte pontes sobre o rio jaguari, toda em concreto armado que ligava os canaviais da cachoeira e do campo do muzim. Outra das pontes era chamada de “ponte do funil”, próximo a cachoeira do funil, a qual originava o nome de uma das fazendas fundadoras. Sobre o Pirapitingui, a ponte vermelha ligando os canaviais de cardina e caramujo à usina, e outra ponte metálica, junto ao canavial do morro amarelo.

Cada composição carregava em media 50 toneladas de cana por vez que eram descarregadas direto na moenda. A usina possuía diferentes vagões tanque que carregavam água para os bois, já que o trajeto do canavial ao leito da ferrovia era feito em carros de boi.


Por volta dos anos 60, a alta manutenção, a introdução de tratores e caminhões mais modernos na lavoura, gera o declínio e o fechamento desta pequena ferrovia, em exemplo a tantas outras. A usina continua suas atividades, modernizada, até hoje em dia. No entanto guarda como monumento, expostas na entrada ao lado da Capela, a locomotiva “Dr. Paulo Nogueira” e um vagão para o transporte de cana. A maior parte do leito, ou sucumbiu ao canavial, ou tornou-se estrada para os treminhões. Algumas pontes ainda são utilizadas. (Leandro Guidini escreveu em 12/2016) 

3 comentários:

  1. Gostei do didatismo do texto e também das fotos que você escolheu para ilustrar. Abraços. Eliana Belo do www.historiadeindaiatuba.blogspot.com

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  3. Adoro histórias assim com ilustrações, a gente viaja no tempo. Parabéns.n

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